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Situação Crítica

Situação Crítica

06/08/13

Sair de casa para dummies - Olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço #1

Sair do leito paternal é ver que a rua que passa em frente à nossa casa de infância deixa de ser uma rua e passa a ser uma rua que leva a outro sítio. E nesse sítio nós vamos depender de nós e apenas nós. É um terror particularmente intenso para aquelas pessoas que, como eu na altura, têm 18 anos e pouco mais, nunca passaram muito tempo longe de casa, têm ambições muito grandes, uma auto-confiança definitivamente menor e um talento quase inexistente para fazer algo com um aspirador que não seja encenar momentos do Ghostbusters. É possível que seja necessário um pouco de imprudência, não sei, para dar esse passo maior que a perna. Mas não é nada que não se faça, nada que nunca tenha sido feito. Pode ser que até custe mais à família do que a nós (eis que surge o paradigma do filho único e da casa vazia). Mas, como (quase) tudo, resolve-se com conversa, explicar que o mundo não está a acabar mas a expandir, que existem telemóveis, computadores, skype, facebook e veículos móveis que se deslocam desde que haja combustível. Ok, sair de casa pode criar mais ansiedade do que mudar de marca de papel higinénico, mas é uma cidade nova, pessoas novas, novo estilo de vida, e uma oportunidade para começar de novo sem expectativas alheias, sem fulano disse que... (especialmente quando se vem de meios pequenos que podem ser altamente tóxicos). Só com objectivos. Quando um estudante universitário começa a sua vida académica é com metas apenas, não há mais que se possa pedir.

 

E quanto à parte prática:

  1. Onde ficar? - preços para aqui, proximidade ao autocarro para ali, o OLX continua cheio de ofertas e a cabeça sem saber o que decidir, as mãos tremem todas e só apetece puxar os cobertores por cima da cabeça e ter 9 anos outra vez. Arranjar um bom sítio onde ficar é, sem qualquer dúvida, um óptimo primeiro passo. Os meus conselhos: pesquisar (há muitas ofertas e a internet ajuda imenso), considerar preços (como é óbvio uma casa no centro da cidade não vai ter a mesma mensalidade que uma casa nos subúrbios; ver sempre a relação preço-qualidade, se inclui despesas, qual é o ambiente), investigar acesso aos transportes (especialmente quando não é possível ter carro ou ninguém que organize boleias, é sempre preferível encontrar um sítio o mais perto possível do metro/autocarro), ver como são as redondezas (proximidade à farmácia, café, supermercado...), ir ver o alojamento antes de escolher (sempre que possível, claro, porque muitas ofertas são enganadoras).
  2. Residência ou casa/apartamento/quarto? Sozinho ou acompanhado? - depende da personalidade de cada um, mas não aconselho de todo viver completamente sozinho quando se está fora de casa pela primeira vez. Ficar em casa de familiares, ir viver em conjunto com amigos, tudo é válido. Acaba por ser mais agradável estar acompanhado, porque ir de viver com a família para me, myself & I é uma mudança brusca. É sempre bom ter alguém quando se chega a casa, alguém que nos irrite, alguém que ajude com as limpezas, alguém que esteja ali sentado a existir, no mesmo barco que nós. Quanto ao tipo de alojamento...whatever tickles your fancy. E o orçamento. Residências são úteis quando se está completamente sozinho e podem ter preços muito diferentes, dependendo do tamanho e condições que oferecem (algumas podem até dar alimentação, o que é fantástico quando se chega da faculdade às oito da noite e a última coisa que nos apetece é ir fazer o jantar). Partilhar uma casa/apartamento deve ser algo planeado e aconselho especialmente a quem não queira gastar tanto dinheiro, porque assim partilha-se o espaço mas também as despesas.
  3. Home is where the heart is. - Pôr livros nas prateleiras (mesmo que acabemos por não os ler), instalar a colecção que sempre quisemos de gatos de porcelana, flores, pósters dos Backstreet Boys, o cobertor de retalhos que a avó fez, candeeiros de lava...o importante é tornarmos um espaço que ao início é extremamente impessoal num sítio nosso, onde queiramos ficar, estudar, viver. Se não nos sentirmos confortáveis na nossa privacidade, é complicado sentirmo-nos confortáveis na vida académica.
  4. Alimentação. - Massa com atum ao almoço, massa com atum ao jantar, a porcaria da masssa com atum já me está a enjoar. Pois, a comida da mãe já não está quentinha à espera na mesa. Mas não há que temer. É só preciso caixas onde guardar comida e um congelador e presto, comida caseira todos os dias. Em opção, há sempre as cantinas e os bares da faculdade que normalmente têm preços razoáveis. Ou então podem ser como eu e tomarem a decisão de se tornarem mestres da massa com atum, a não ser que gostem mesmo de cozinhar, e a essas pessoas aconselho qualquer um dos livros da Nigella ou do Jamie Oliver.

Sair de casa não é um bicho de sete cabeças. É uma questão de planeamento, motivação e vontade. Não digo para não terem medo. Tenham o medo todo. Medo, medo, medo. Desde que saibam que o tempo passa mais depressa do que estamos à espera e que o Homo sapiens tem uma capacidade espectacular de se adaptar e de sobreviver à selecção natural, ou então não estávamos aqui. You've been Darwined!

 

Next time on Situação Crítica: O fenómeno flatmate - Olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço #2

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