a walk down memory lane
Tenho 23 anos há uma semana e meia. Parece que não mudou nada, que nada muda há muito tempo, que tudo é estase. As coisas que acontecem têm consequências inconsequentes e assim passam os dias e as semanas. O tempo é paradoxal, porque passa tão rápido que torna as coisas próximas longínquas.
Hoje fui confrontada com uma realidade que costumava conhecer. Pessoas que já não são, lugares que foram, contextos idos. E tudo o que mudou, lentamente, foi independente de mim e das minhas decisões. Mesmo o que é igual não se mantém por mim. Apesar de tudo, o que mais me fascina é que a saudade se desvaneceu. Foi-se a taquicardia, a angústia, a sensação de vísceras estranguladas. Ficou uma serenidade que sempre invejei nos outros mas que hoje me inquieta.
O que era fácil, hoje é estranho. O que era desconfortável, hoje faz falta. O que um dia me definiu, hoje é muito diferente de mim.
Talvez o que acontece não seja assim tão inconsequente. Talvez empurre o que existe imperceptivelmente num sentido, porque entre dois pontos adjacentes há o infinito.